Em assembleia encerrada na noite desta sexta-feira, 5/2, professores do Campus Itapipoca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) decidiram paralisar atividades, contra a imposição de carga horária excessiva para docentes e contra o excesso de disciplinas para estudantes.
O problema vem chamando atenção na comunidade acadêmica desde pelo menos a sexta-feira passada, quando o Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE) publicou matéria sobre o tema, apontando que quatro professores do campus haviam entrado com reclamações a respeito. Na assembeia, os docentes também deliberaram contra qualquer possível retorno presencial a aulas, antes de ampla vacinação para todos, professores e estudantes.
Desde então o SINDSIFCE publicou mais duas matérias sobre o tema, em seu site, com resultados do movimento dos professores, que gerou deliberação de suspensão de atividades na quarta-feira passada, 3/2, adiada após pedido da Reitoria do IFCE para realizar reunião sobre a questão, com os professores.
Após a reunião com quatro pró-reitores do IFCE, incluindo o reitor eleito, prof. Waly, os professores decidiram aguardar até esta sexta-feira, antes de iniciar paralisação, para colocar o tema em votação em assembleia da categoria.
Na assembleia desta sexta-feira, 5/2, os professores releram a carta aberta à comunidade, falaram da reunião com os pró-reitores e ressaltaram que a paralisação das aulas era seu último recurso. Um dos servidores destacou que, além da questão da carga horária, existe o tema da participação de professores nas decisões do campus.
Falou que desde 2017 os professores participam de reuniões semanais, espaços meramente informativos, sem que haja poder de decisão dos docentes. Muitos outros professores confirmaram a situação. Destacou ter sido representante de comissões, casos em que poderia ser consultado, participar das decisões, mas ainda assim isso não se materializava nas reuniões. "A paralisação é o último recurso diante de um campus que não ouve seus professores para nada".
Professores e estudantes
Alguns professores, na assembleia desta sexta-feira, ressaltaram que a paralisação não é para prejudicar estudantes. "Quando defendemos que estudantes também estão com carga excessiva não é para prejudicar os estudantes que querem concluir o curso no tempo previsto durante o ingresso, mas sim garantir que eles tenham condições, tenham meios para permanecer e ter êxito na Instituição", diferenciou. "O êxito não pode ser restrito ao quantitativo de estudantes formados".
O movimento também recebeu uma carta de apoio, assinada por mais de 50 professores, nesta sexta-feira, 5/2. A paralisação aprovada pelos servidores deve se iniciar na quinta-feira e é por tempo indeterminado. O SINDSIFCE seguirá acompanhando o caso com atenção, na defesa dos professores e da educação pública.
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